Atleta fez questão de dividir a experiência com as crianças do projeto social Diego Trindade, nome do seu irmão já falecido, localizado no bairro União da Vitória, na Zona Norte capital.
Por GloboEsporte.com, Manaus, AM
Um dos principais nomes da luta de chão do Estado, o amazonense Fábio Trindade, de 35 anos, voltou a Manaus depois de um primeiro semestre nos Estados Unidos. A passagem pelo país norte-americano para treinos e lutas rendeu ao lutador um vasto aprendizado, além de contatos com academias e treinadores das maiores franquias do mundo das artes marciais mistas.
De volta à Terrinha Baré, mas com dias contados na capital, Trindade fez questão de dividir a experiência que teve nos EUA com as crianças do projeto social Diego Trindade, que leva o nome do seu irmão já falecido, localizado no bairro União da Vitória, na Zona Norte capital. A exibição das medalhas conquistadas lá ‘fora’, duas de ouro e uma de prata, rendeu uma aula animada aos participantes do programa, que fez os pequenos se apaixonarem ainda mais pelo jiu-jítsu.
– Estava desde o dia 10 de janeiro em Los Angeles, na Califórnia. Participei de várias competições. Uma delas foi o All Americans de Jiu-Jítsu sem kimono, em Los Angeles, onde fui campeão no mês de fevereiro. Após, fiquei com a prata no Open de Nova York, no mês de abril, e depois fui novamente ouro no Open Silver State, em Las Vegas, em maio. Hoje, tudo o que tenho, minha viagens pelo mundo, se falo inglês, minha renda, é devido ao jiu-jítsu e quero que essas crianças tenham a mesma oportunidade – comentou Trindade, sempre acompanhando da mãe e principal motivadora do projeto, Euza Trindade.
Pensando na volta para o Estados Unidos daqui dois meses, Fábio acredita que o momento será melhor que os anteriores. Os bons resultados fizeram o amazonense assinar contrato com uma das principais academias do mundo, que agencia os grandes lutadores do MMA mundial.
Fui contratado pela Black House, uma das maiores academias de MMA dos Estado Unidos, responsável pelo Lyoto Machida, Rafael dos Anjos, entre outros grandes nomes que estão no UFC. Também faço preparação com o treinadores desses caras e eles estão sempre por lá, então o ganho de experiência é infinito e bastante proveitoso. Estou desde 2007 no MMA e agora vou ter mais oportunidades.
Eles me colocaram no card principal do Legacy Fight e acredito que terei mais portas se abrindo. Tive que voltar a Manaus para ajustar meu visto, mas quero voltar logo – contou o atleta, que recebeu apoio da Secretaria de Estado de Juventude, Esporte e Lazer (Sejel)
Carinho com o projeto
Enquanto ficar na capital amazonense, a prioridade de Trindade será para realizar ainda mais o desejo do irmão, falecido vítima de violência em 2011, que era de levar o esporte para as crianças mais carentes.
– O instituto leva o nome do meu irmão e ele tinha esse sonho de trabalhar com as crianças, e eu não gostava de treinar com elas, e depois que aconteceu a tragédia com meu irmão eu passei a dar aula para os pequenos. Estou muito feliz e quero fazer de tudo para deixar meu irmão orgulhoso. Quero mudar a vida dessas crianças, trabalhar em cima delas. O objetivo do nosso instituto é lutar por um mundo melhor. Foi um menor de idade que matou meu irmão, mas se formamos bons cidadãos, vamos ajudar muitas famílias a não passarem pelo que a nossa família passou- disse.
O professor do projeto, o faixa-preta Leandro Lucas, 37 anos, contou que as aulas do projeto iniciaram no bairro Dom Pedro e após alguns meses foram transferidas para a Zona Norte, mantendo residência há quatro anos no União da Vitória. A chegada do projeto, intitulado como ‘Instituto Diego Trindade’, motivou os pais e hoje as aulas diárias já arregimentam 86 crianças do bairro, divididas em dois turnos.
– Aqui pregamos a educação. Para estar aqui os alunos precisam ter boas notas e é muito gratificante você ver as crianças evoluírem, ver que eles chegaram aqui com notas vermelhas e agora estão com notas boas. Queremos formar cidadãos, muitos aqui sonham grande e estamos buscando realizar o sonho deles. Sabemos que a cada montante de alunos, apenas um vai se tornar atleta profissional, mas ficamos felizes pelos outros buscarem carreira, seja sendo médico, dentista, professor, profissional de educação física. O importante, é que quando essa pessoa crescer, ela devolva em ajuda aquilo que um dia tambem lhe auxiliou – disse.
Foto destaque: Mauro Neto/Sejel