O aluno autista, Ângelo Castro, de 14 anos, atendido pela escolinha de iniciação esportiva de atletismo da Vila Olímpica de Manaus, administrada pela Secretaria de Juventude, Esporte e Lazer, vem ultrapassando suas limitações por meio do esporte e, no próximo sábado (28/09), será desafiado mais uma vez ao participar da 18ª Corrida Garotada, circuito destinado a crianças entre 6 e 17 anos, em Vitória, capital do Espírito Santo.
Ângelo vai acompanhar a mãe, Thaís Castro, que também correrá no mesmo dia a 30ª Corrida Dez Milhas Garoto. Com 2 anos de idade, ele foi diagnosticado com espectro autista, limitação que afeta a comunicação e a capacidade de aprendizado e de firmar relacionamentos sociais ou afetivos.
A intensidade do espectro autista varia do grau de funcionalidade de cada pessoa, que pode ir de casos mais severos, em que o autista não consegue estabelecer comunicação e apresenta dependência para a realização de tarefas simples do cotidiano como tomar banho, se vestir e comer, até casos mais leves, em que os sinais são tão sutis que dificultam o diagnóstico.
Thaís se emociona em ver o filho, em pouco tempo de treino, competindo e participando de uma corrida, em um ambiente que pode ser difícil para alguém como ele. “Ângelo tem demonstrando grande aptidão para a modalidade. O que ele já desenvolve em pouco tempo de treino mostra isso. Vai ser uma emoção grande vê-lo correr. A princípio, ele quer competir sozinho”, comentou.
O início – Do ringue à pista de atletismo, o esporte tem sido um importante fator no tratamento de Ângelo. Há mais de um ano praticando boxe, foi nas corridas que ele apresentou melhora significativa.
“Ele demonstrava ter muitas habilidades físicas, por isso que o coloquei primeiro no boxe, mas foi após começar a treinar atletismo que percebemos grandes avanços nele. A coordenação motora e a socialização tiveram uma evolução fantástica. Agora Ângelo, quando chega à escolinha, cumprimenta e fala com todos, algo que não ocorria antes”, conta Thais.
A grande inspiração para o início nas corridas foi a mãe, que é corredora de rua há mais de dois anos. Ela sempre o levou para os treinamentos e percebeu que a atividade despertou interesse no adolescente, que passou a acompanhá-la. “Ele gostava de me ver correndo, até arriscava me acompanhar, entretanto não tinha técnica nenhuma”.
As aulas na escolinha de iniciação esportiva são diferenciadas para o aluno, como destaca o professor Sérgio Nazareno, técnico da equipe de paratletismo da Sejel. “Os autistas fogem da lógica do esporte de alto rendimento. Se, durante uma competição ou aula, eles quiserem parar, eles vão parar. E devemos respeitar a decisão. As aulas, para eles, são sempre lúdicas e com muita paciência”.
FOTOS: Mauro Neto/Sejel e Bruno Zanardo/Secom